Graça Morais expõe inspiradas pinturas "na passagem do tempo"


 II Auto-Retrato?, Aguarela, tinta-da-china e sépia sobre papel , 2009

A pintora Graça Morais vai mostrar 42 obras criadas este ano, inspiradas "na passagem do tempo" e "no isolamento das populações e abandono dos campos", numa exposição a inaugurar quarta-feira, na Galeria Ratton, em Lisboa.

Em declarações à Agência Lusa sobre a revelação de novos trabalhos, a artista plástica explicou que neles fala "da lentidão do tempo nos campos, por oposição à velocidade das telecomunicações e dos transportes nas cidades".

São "pequenas" pinturas a sépia e aguarelas, e também desenhos a carvão e grafite, em grande parte criados no campo, e também um diário desenhado no atelier em Lisboa.

Graça Morais, 61 anos, licenciada em pintura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, nasceu em Vieiro, Trás-os-Monstes. Divide o seu trabalho entre aquela região e a capital, onde possui outro atelier.

Nesta exposição, intitulada "A Máscara e o Tempo", "há um regresso ao campo, que não é de todo nostálgico, é o contrário. - afirma - É partir desse espaço que faço uma reflexão sobre o mundo que me cerca".

As obras mostram rostos, tubérculos, bichos, nos quais se revela "uma metamorfose do tempo".

Por detrás destas pinturas e desenhos da artista há emoções fortes: "Pintei muito no campo, e apercebi-me do abandono, da desertificação, do envelhecimento das populações. Tudo isso me angustia imenso", confessa.

"Toda a minha pintura tem muito a ver com o lugar", resumiu a pintora e ceramista, que já ilustrou livros de José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen e Miguel Torga, entre outros escritores.

"O que faço é uma representação figurativa, mas que resulta de emoções e estados de consciência, em relação a um espaço e a pessoas que observo no dia a dia", apontou.

Prefere trabalhar com carvão e pastel "porque há uma relação muito forte e imediata" com estes materiais.

"Consigo exprimir-me com mais rapidez, o que me agrada muito mais", comentou a artista, cuja obra está representada em colecções particulares e museus, entre outros, na Assembleia da República, na Fundação Calouste Gulbenkian, Culturgest, Fundação de Serralves e no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Brasil.

A exposição "A Máscara do Tempo" inaugura quarta-feira na Galeria Ratton, em Lisboa, pelas 22:00, onde permanecerá até final de Janeiro de 2010.


in Diário de Notícias/Lusa

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